Agenda

A Agenda Turista Aprendiz desta quinzena propõe passeios por livrarias paulistanas. 

Ler, afinal, também é caminhar por ruas diferentes, descobrir novos bairros e encontrar, de repente, uma vitrine reluzente que revela livros em meio ao concreto ou entre as singelas ruas arborizadas. 

Ao entrar em livrarias, adentramos também os diversos mundos que as experiências leitora e literária nos proporcionam. 

Não deixem de conferir, ainda nesta edição da nossa Agenda Cultural, sugestões de livros que remetem aos 100 anos da Semana de Arte Moderna. 

Livrarias

Mandarina
Rua Ferreira de Araújo, 373

A Livraria Mandarina é um espaço no qual são oferecidos livros, cursos, palestras e outras experiências em que a sabedoria frutifica. A livraria dá destaque às editoras e aos autores independentes de todo o Brasil, com acervo cuidadosamente composto, que vai da filosofia e da ciência política à literatura infantojuvenil. 

Miúda
Rua Coronel Melo de Oliveira, 766

A Livraria Miúda preza pela delicadeza e pela bibliodiversidade. As educadoras Teresa Grimaldi e Júlia Souto Guimarães Araujo criaram um espaço dedicado ao público infantil e juvenil, que é também lugar de formação, convivência e encontros. Uma livraria atravessada pela infância e pelas artes em geral.  

Pé de Livro
Rua Tucuna, 298

A Pé de Livro oferece um ambiente bastante acolhedor para seus visitantes. As capas de livros são expostas, para facilitar a leitura, e a livraria é dividida em seções que falam a língua das crianças. Temas como antirracismo, mundo indígena e diversidade de gênero estão contemplados nas escolhas do acervo. 

Livraria da Tarde
Rua Cônego Eugênio Leite, 956

A Livraria da Tarde nasce como sonho de ser um lugar aconchegante e repleto de livros. Com uma curadoria especial, que transita entre literatura, artes, ciências humanas, negócios e livros infantojuvenis, nesse espaço o cheiro dos livros se mistura ao aroma do café.   

Megafauna
Avenida Ipiranga, 200 (Edifício Copan, loja 53) 

Coordenada por um grupo de profissionais ligados ao meio editorial e literário, a Megafauna tem como proposta expandir a ideia de livraria. Estabelece-se como espaço de reflexão, curadoria e criação de conteúdo, valorizando o leitor e sua relação com a cidade.

Gato sem Rabo
Rua Amaral Gurgel, 352

A Gato sem Rabo é uma livraria independente que aprecia e distribui livros escritos por mulheres. Segundo as livreiras, “o catálogo propõe um recorte de mundo, entre muitos possíveis, no qual as mulheres estão no centro do debate, da publicação e da leitura”. O nome do estabelecimento faz referência ao ensaio “Um teto todo seu”, de Virginia Woolf. Nele, a escritora compara a presença feminina na literatura a um gato sem rabo.  

Livros

Diário confessional
Oswald de Andrade, Manuel da Costa Pinto (org.)
Companhia das Letras

Nos registros dos cadernos confessionais escritos por Oswald de Andrade entre 1948 e 1954, somos apresentados a uma figura distinta do personagem irreverente que se consagrou no imaginário literário. Lemos uma mente extraordinária e inquieta, cáustica e ao mesmo tempo amorosa. Neste diário, passamos a conhecer um homem em crise, atormentado por incertezas, e que documenta a cena artística, literária e política de seu tempo. 

O guarda-roupa modernista: o casal Tarsila e Oswald e a moda
Carolina Casarin
Companhia das Letras

Entre 1923 e 1929, Tarsila do Amaral e Oswald de Andrade formaram um par icônico da cultura brasileira. O guarda-roupa modernista revela como os dois se apropriaram da moda para deixar a sua marca. Inédita, esta farta pesquisa revela como os ideais modernistas e as contradições do movimento podem ser compreendidos a partir da escolha das roupas de dois notáveis intérpretes do Brasil.

Sites, podcasts 

Ciclo22
https://ciclo22.usp.br/

Ciclo22 é um projeto que remete à reflexão da USP sobre quatro grandes marcos (1822, 1922, 2022 e 2122), congregando iniciativas que abordam criticamente o bicentenário da independência do Brasil, o centenário da Semana de Arte Moderna e o movimento modernista no Brasil. Fala também sobre o tempo presente e sobre a possibilidade de identificar desafios e de projetar futuros ao Brasil nos próximos 100 anos.

451MHz – podcast da Quatro cinco um, a revista dos livros
www.quatrocincoum.com.br

Neste podcast, a Semana de 1922 é posta em questão: o historiador Rafael Cardoso e o crítico literário Eduardo Sterzi conversam sobre os mitos em torno do marco cultural brasileiro.

Rede Brasil Atual – Radinho BdF

No podcast “Radinho BdF”, da Rede Brasil Atual, crianças analisam a importância da Semana de Arte Moderna de 1922 – e da arte – para valorizar a cultura de um Brasil “muito maior que São Paulo e Minas”. O programa Radinho BdF vai ao ar às quartas-feiras, das 09h00 às 09h30, na Rádio Brasil Atual. A sintonia é 98,9 FM na Grande São Paulo e 93,3 FM na Baixada Santista. 

Artes visuais e música

Theatro Municipal de São Paulo
https://theatromunicipal.org.br/pt-br/ 

A partir da segunda semana de fevereiro, o Theatro Municipal, palco da Semana de Arte Moderna em 1922, celebra a efervescência desse encontro artístico. Os corpos artísticos da instituição se mobilizam em uma programação que continua pelo resto do ano, com 11 títulos de óperas, 28 concertos sinfônicos e obras inéditas.

MASP
https://masp.org.br/exposicoes/abdias-nascimento

No final de fevereiro o MASP inaugura uma exposição com as obras de Abdias Nascimento (1914–2011), artista, intelectual, ativista político, dramaturgo, ator, escritor e diretor. A mostra reúne cerca de 60 trabalhos de sua fase mais profícua – desde o início de sua produção em 1968 até o ano de 1998 – e enfatiza o repertório de ideias, cores e formas do movimento pan-africanista.

Centro Cultural Fiesp
http://centroculturalfiesp.com.br/evento/exposicao-era-uma-vez-o-moderno-1910-1944-estreia-em-dezembro-no-centro-cultural-fiesp 

A exposição Era Uma vez o Moderno [1910-1944] é uma parceria entre o Centro Cultural Fiesp (CCF) e o Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo (IEB/USP), instituição que guarda o maior acervo sobre o modernismo no país. A mostra reúne diários, cartas, manuscritos, fotos e obras dos artistas e intelectuais que fizeram parte de diversas iniciativas em torno da implantação de uma arte moderna no Brasil, entre 1910 e 1944. Contando com mais de 300 obras e documentos, faz o público revisitar três décadas dessa história e, em especial, conhecer as produções dos autores e pensadores que participaram da Semana de Arte Moderna.

Livros

Obra incompleta
Oswald de Andrade, Edusp (org. Jorge Schwartz)

Os dois volumes que somam mais de 1.600 páginas reúnem os principais textos da obra de um dos expoentes do modernismo brasileiro. 

Inda bebo no copo dos outros – por uma estética modernista
Mário de Andrade, Autêntica (org. Yussef Campos)

Compilação inédita de textos de Mário de Andrade publicados em revistas, jornais e livros no contexto da Semana de Arte Moderna de 1922. 

Modernismos 1922 – 2022
Gênese Andrade (org.), Companhia das Letras

Análises em perspectiva, nos 29 ensaios que formam a coletânea, sobre os protagonistas do modernismo brasileiro. Quais abordagens priorizaram, quais ignoraram?

Modernidade em preto e branco – arte e imagem, raça e identidade no Brasil, 1890-1945
Rafael Cardoso, Companhia das Letras

O volume propõe um enfoque amplo e debate as maneiras como o modernismo cruzou as diferentes classes sociais e regiões geográficas na primeira metade do século. Ilustrado com uma centena de imagens, Modernidade em preto e branco combina extensa pesquisa com uma prosa envolvente, que guia o leitor por diversos âmbitos da sociedade brasileira entre 1890 e 1945. 

Ana e a Semana
Katia Canton, V&R Editora

Ilustrado por Mariana Zanetti, este livro infantojuvenil conta a história de alguns representantes do movimento modernista por meio da conversa de duas crianças. No Instagram da artista plástica que assina as ilustrações do livro (@mariana___zanetti), ela conta sobre os processos criativos da produção da obra. 

Pode-se queimar a biblioteca de Alexandria. Acima e além dos papiros, existem forças: a faculdade de reencontrá-las nos será tirada por algum tempo, mas não se suprimirá a energia delas. E é bom que desapareçam algumas facilidades exageradas e que certas formas caiam no esquecimento; assim, a cultura sem espaço nem tempo, e que nossa capacidade nervosa contém, ressurgirá com maior energia. (Artaud, Antonin – O teatro e seu duplo)

É importante possuir agendas. A palavra agenda é muitas vezes utilizada como um registro de compromissos e tarefas, mas a origem da palavra vem do latim agere que significa agir. Sendo assim, uma agenda é mais que um registro de compromissos, mas um manifesto pessoal de compromisso com a ação, com o realizar.

Essa agenda nasceria no começo do mês, quando o objetivo seria cruzar nossos projetos pedagógicos com a ações culturais da cidade. Até então, o foco era criar uma agenda em tempos de ataques à Cultura e ativação de propostas culturais diversas – a criação pessoal de mapas artístico-culturais por espaços, atividades e manifestações. Tudo implodido na semana passada e precisamos, hoje e dia-a-dia, recriar não só os percursos, mas os mapas.  

Nós, do departamento de Projetos e Produção Cultural do Oswald de Andrade, desejávamos que a agenda, Turista aprendiz – a agenda (do) Cultural, fosse um recurso que possibilitasse a elaboração de uma galeria pessoal de vivências (expográficas, interativas, expositivas), tendo a cidade como vetor de materialização. Ainda desejamos, mas hoje os desejos estão em suspensão perto das necessidades.

Temos atualmente quatro objetivos:

  • Compartilhar produções que estão surgindo neste cenário – exposições, sites de compartilhamentos de filmes, apresentações musicais online etc. Sabemos que essa é uma medida paliativa para o setor cultural, pois a maioria destas produções demandam a presença física dos espectadores.
  • Cruzar essas produções com nossas propostas escolares quando possível.
  • Ser um equipamento online que divulgue produções, espaços e atividades para que, depois dessa situação, possamos reviver essas propostas e espaços culturais.  
  • Começar a criar uma rede de pessoas e propostas que possam usar o Oswald, no futuro, como um equipamento cultural, tal como já usam Barbatuques, Nau de Ícaros e outros coletivos culturais.

Esse último objetivo surgiu recentemente, quando grupos artísticos já sinalizam a sua dissolução em curto prazo ou espaços culturais que podem fechar em poucos meses neste cenário. Desta forma, precisamos nos compromissar em colaborar no que for possível para que propostas e seus respectivos grupos simplesmente não deixem de existir. O primeiro passo é deixar nossa agenda permanentemente ocupada e ativa. Depois agir com exatidão para propiciar que grupos possam voltar para a normalidade – primeiro divulgando o que estão fazendo agora e posteriormente com novas ações culturais.

Divulgaremos sistematicamente propostas culturais diversas, mas também queremos escutar a comunidade oswaldiana – saber de atividades culturais que tenham conhecimento, grupos e ações atuais que estão sendo mobilizadas atualmente. Mantenham o canal aberto com o Cultural do Oswald de Andrade (cultural@colegiooswald.com.br) para que possamos ter essas informações e divulgar essas manifestações. 

Temos os porquês (dessa semana), mas precisamos mobilizá-los, remobilizá-los e assim diariamente.

Departamento de Projetos e Produção Cultural